ATA DA DÉCIMA TERCEIRA REUNIÃO ORDINÁRIA DA QUARTA COMISSÃO REPRESENTATIVA DA DÉCIMA TERCEIRA LEGISLATURA, EM 08-7-2004.

 


Aos oito dias do mês de julho de dois mil e quatro, reuniu-se, no Plenário Otávio Rocha do Palácio Aloísio Filho, a Comissão Representativa da Câmara Municipal de Porto Alegre. Às nove horas e quarenta e cinco minutos, foi realizada a segunda chamada, sendo respondida pelos Vereadores Cláudio Sebenelo, Guilherme Barbosa, João Antonio Dib, Margarete Moraes, Professor Garcia e Raul Carrion, Titulares. Ainda, durante a Sessão, compareceram os Vereadores Clênia Maranhão, Elói Guimarães e João Carlos Nedel, Titulares. Constatada a existência de quórum, a Senhora Presidenta declarou abertos os trabalhos. Do EXPEDIENTE, constaram: Ofícios nos 41, 93, 178, 1944, 8123 e 9196/04, do Senhor Reginaldo Muniz Barreto, Diretor Executivo do Fundo Nacional de Saúde do Ministério da Saúde; Comunicado n° 63274/04, do Senhor José Henrique Paim Fernandes, Presidente do Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação – FNDE. Em COMUNICAÇÕES, o Vereador Cláudio Sebenelo referiu-se à questão dos vendedores ambulantes da Avenida Assis Brasil, que ontem tiveram suas atividades suspensas, criticando a ocorrência de equívoco em cadastro da Secretaria Municipal da Produção, Indústria e Comércio – SMIC. Também, reportou-se aos ambulantes do ramo conhecido como “Churrasquinho”, protestando contra a determinação da SMIC, em relação à substituição do carvão pelo gás na preparação desse produto. O Vereador Guilherme Barbosa considerou exagerada a determinação da SMIC, que determinou o uso de gás pelos ambulantes que vendem “Churrasquinho”. Também, comentou a construção de túnel que vai ligar a Avenida Teresópolis à Avenida Aparício Borges, mencionando a possibilidade de uso de estruturas mais simples, a fim de que sejam diminuídos os custos dessa obra. Finalizando, debateu a redução da taxa de desemprego na Cidade e no País e o crescimento econômico e social brasileiros. O Vereador João Antonio Dib criticou o Executivo Municipal em relação à não-realização de obras aprovadas pelo Programa de Orçamento Participativo, de restauração no túnel da Conceição, no Centro, declarando que esses trabalhos vêm sendo sistematicamente adiados. Também, analisou a arrecadação de tributos em Porto Alegre e a destinação de verbas federais ao Município, indagando acerca da prioridade no uso desses recursos, à luz da Lei de Responsabilidade Fiscal. O Vereador Raul Carrion discutiu a necessidade de negociação entre a SMIC e camelôs da Avenida Assis Brasil, apontando a necessidade de respeito à economia informal, sem esquecer a preocupação com a organização da Cidade. Ainda, reportou-se ao pronunciamento realizado pelo Vereador Guilherme Barbosa, sobre queda nas taxas de desemprego no ano de dois mil e três, apontando como positivas a recuperação na economia e a retomada do crescimento interno do País. O Vereador Elói Guimarães chamou a atenção para a necessidade de reflexão em relação à função de gerenciamento da sociedade por parte do Estado, questionando os benefícios dos processos burocráticos impostos aos cidadãos. Também, salientou que o Executivo Municipal deveria reduzir as exigências para liberação de alvarás de licença, a fim de facilitar a implantação de novas oportunidades de empregos para a população, o que, segundo Sua Excelência, aumentaria as receitas públicas. O Vereador Professor Garcia registrou que hoje à tarde será realizada reunião com o Deputado Estadual Sanchotene Felice e profissionais da área de educação física, para debate dos reflexos da aprovação, dia trinta de junho do corrente, pela Assembléia Legislativa do Estado do Rio Grande do Sul, do Projeto de Lei nº 091/2003, de autoria daquele Parlamentar, que restringe o horário para atividades de educação física nos estabelecimentos escolares, quando realizadas ao ar livre. Em COMUNICAÇÃO DE LÍDER, o Vereador Cláudio Sebenelo reportou-se ao pronunciamento do Vereador Professor Garcia, referente ao Projeto de Lei Estadual nº 091/2003, analisando problemas de saúde resultantes da exposição de crianças aos raios solares. Nesse sentido, defendeu restrições de horário definidas no Projeto de autoria do Deputado Estadual Sanchotene Felice, registrando que a maioria das escolas gaúchas não possui área coberta para a realização de práticas desportivas. Em COMUNICAÇÕES, o Vereador João Carlos Nedel, citando dados divulgados pela imprensa, declarou que o Presidente Luiz Inácio Lula da Silva, quando da distribuição de verbas públicas, vem priorizando Municípios governados pelo Partido dos Trabalhadores e de Partidos aliados ao Governo Federal. Finalizando, leu trechos de artigo publicado dia seis de julho do corrente, no jornal Folha de São Paulo, intitulado “Conjunto da obra”, de autoria da Jornalista Eliane Cantanhêde. Em COMUNICAÇÃO DE LÍDER, o Vereador João Antonio Dib teceu considerações acerca da atuação do Partido dos Trabalhadores à frente do Governo Municipal, comparando índices de desenvolvimento apresentados pela Cidade atualmente e aqueles observados em épocas anteriores a mil novecentos e oitenta e oito. Sobre o assunto, abordou, em especial, questões atinentes ao saneamento básico, acesso a informações sobre finanças públicas e Plano de Carreira dos municipários. Em COMUNICAÇÕES, a Vereadora Clênia Maranhão discorreu sobre o sistema público de saúde, defendendo a implantação de programas embasados no atendimento preventivo e integral ao cidadão. Ainda, lembrando que os problemas de superlotação nas emergências hospitalares crescem durante os meses de inverno, atingindo principalmente pessoas de baixa renda, ressaltou a necessidade de maior humanização nos serviços médicos prestados pelos hospitais da rede pública. A seguir, o Vereador Raul Carrion formulou Requerimento verbal, deferido pela Senhora Presidenta, solicitando seja agendado o comparecimento, a este Legislativo, do Senhor Edson Silva, Secretário Municipal da Produção, Indústria e Comércio, para esclarecimentos acerca do comércio ambulante em Porto Alegre, tendo se manifestado a respeito os Vereadores Cláudio Sebenelo e Raul Carrion. Às onze horas e vinte e oito minutos, constatada a inexistência de quórum, a Senhora Presidenta declarou encerrados os trabalhos, convocando os Senhores Vereadores Titulares para a Reunião Ordinária da próxima quarta-feira, à hora regimental. Os trabalhos foram presididos pela Vereadora Margarete Moraes e secretariados pelo Vereador João Carlos Nedel. Do que eu, João Carlos Nedel, 1º Secretário, determinei fosse lavrada a presente Ata que, após distribuída em avulsos e aprovada, será assinada por mim e pela Senhora Presidenta.

 

 


A SRA. PRESIDENTA (Margarete Moraes): Passamos às

 

COMUNICAÇÕES

 

O Ver. Cláudio Sebenelo está com a palavra em Comunicações.

 

O SR. CLÁUDIO SEBENELO: Srª Presidente, Srs. Vereadores, quero trazer para o debate com os Vereadores, especialmente com os da Bancada do Partido dos Trabalhadores, Ver. Guilherme Barbosa e Ver. Raul Carrion, a questão dos camelôs de Porto Alegre.

Ontem, foram suspensas as atividades dos camelôs em toda a Av. Assis Brasil. As atividades na Av. Assis Brasil foram regulamentadas pelo nosso Vereador, o então Secretário Adeli Sell. Foi feito um curso na SMIC para todos os camelôs que se inscrevessem; foi feito um cadastro de todos os camelôs, foi feito um padrão de banca, em que eles pudessem pôr as suas mercadorias para vender e foi destinada a cada um uma metragem dentro da lei. Foi feito um excelente trabalho pela SMIC na Av. Assis Brasil. Esse trabalho, ontem, foi todo desmanchado por um cadastro antigo, de 1990, o qual suspendeu, pela ausência nesse cadastro dos atuais cadastrados pela SMIC, todas as atividades de camelôs que estão exercendo a sua atividade na Av. Assis Brasil.

Essa suspensão cria um problema social gravíssimo, porque a parada, durante um dia ou dois, retira a possibilidade de o camelô e sua família fazer os pagamentos do dia, do mês, pois o prejuízo é muito grande devido à pequena importância com que eles lidam diariamente, e o pequeno lucro com o qual eles contam para sobreviver.

Então, nós pediríamos, publicamente, com a ajuda dos Vereadores, para falarmos com o Secretário Edson Silva para suspender essa ordem, porque, principalmente, por um equívoco, por um engano da fiscalização, essas pessoas não só estão habilitadas, como fizeram, inclusive, o curso da SMIC, tendo a assinatura da concessão e a folha do cadastro de 160 camelôs ao longo da Av. Assis Brasil, onde passam mais de 20 mil pessoas por dia, sendo um local em que eles podem desenvolver suas atividades com seus clientes, e sendo fator, inclusive, de contribuição para os comerciantes com os quais eles convivem com a paz absoluta. Já houve a reunião com os comerciantes, foi organizado o processo - muito bem organizado, tenho a obrigação de elogiar a Secretaria Municipal de Indústria e Comércio -, então, dessa vez, por esse erro, nós pedimos que o Secretário volte atrás e acabe com essa situação de aflição e de preocupação de cada um deles pelo prejuízo, especialmente pela perturbação que existe na suspensão do seu trabalho - que é um trabalho como qualquer outro e muito importante para a Cidade -, que esse trabalho não seja mais interrompido e que, imediatamente, os camelôs voltem à atividade.

O segundo ponto que eu queria abordar é a questão dos churrasquinhos. Ora, a Secretaria Municipal de Indústria e Comércio está dando um prazo, até agosto, para que - no Centro da Cidade já é proibido o churrasquinho - em toda a Cidade esse churrasquinho está com os dias contados, porque os camelôs que se dedicam à atividade do churrasquinho, em vez de usar o carvão, estão obrigados a comprar uma máquina a gás. A alegação é de que o churrasquinho feito a carvão polui. Se ele polui, nós temos de parar com todo o churrasco, de todos os domingos, de toda a população de Porto Alegre, do Rio Grande do Sul inteiro, que tem, como tradição maior, o churrasco.

É disparatado esse argumento numa cidade onde nós temos uma coisa maravilhosa, que conserva ainda as condições aéreas, apesar dos 600 mil automóveis, quase indenes. Um vento chamado minuano, esse vento que está batendo hoje, despolui. É diferente de São Paulo, por exemplo, que não tem esse vento. Nós não temos problemas de poluição aérea grave em função das características do nosso clima. Então, essa alegação cai por terra, e qualquer outra alegação fere a nossa cultura, o nosso jeito de ser, a nossa culinária riquíssima, que tem no churrasco o seu esteio. Como a atividade está muito bem regulamentada, porque as bancas de churrasquinho têm controle inclusive da carne que usam - isso é fiscalizado e controlado pela SMIC -, nós temos toda a segurança para pedir ao Sr. Secretário que permita que seja feito churrasquinho a lo largo y a lo lejo, com todas as condições de Porto Alegre, e que isso não seja uma prática deletéria, uma prática que polua, uma prática que necessite ser mudada para máquinas a gás. O gás, inclusive, já causou alguns problemas, entre eles acidentes e queimaduras. Para tratar dessas duas questões, nós fomos, ontem, muito bem recebidos pelo Sr. Dr. Moisés, assessor do Secretário Edson Silva. E nós pedimos a interferência para que os camelôs possam voltar ao trabalho, lá na Assis Brasil, e que não seja ferida essa maravilhosa cultura do churrasco na cidade de Porto Alegre, porque é nosso, é da nossa tradição, é o jeito que encontramos de nos alimentar num Estado que, antigamente, foi predominantemente agropastoril, como foi o Rio Grande do Sul, e que nos legou essa tradição, essa culinária maravilhosa que nos encanta, nas ruas, nos jogos de futebol, nas entradas e saídas de cinemas, quando a gente pode consumir, inclusive, o churrasquinho, de uma forma que não tenha nenhum problema pela sua forma de ser feito, necessitando de alta temperatura para assar a carne; não há problemas, inclusive, de contaminação, e é muito saudável e muito necessário para a alimentação de nossa população.

É indispensável que a SMIC permita uma prática que é nossa, pois não abriremos mão; é característica de um povo, e, principalmente, não polui. Muito menos é necessária essa deturpação do churrasco, que é fazer o churrasco numa estufa a gás; isso, realmente, está fora dos nossos propósitos, e o fogo de chão, e a brasa, e a carne “chorando” gordura no fogo amigo é da nossa tradição, é da nossa cultura, e é do nosso orgulho.

(Não revisto pelo orador.)

 

A SRA. PRESIDENTA (Margarete Moraes): Obrigada, Ver. Cláudio Sebenelo.

O Ver. Guilherme Barbosa está com a palavra em Comunicações.

 

O SR. GUILHERME BARBOSA: Srª Presidenta Margarete Moraes, colegas Vereadores, pessoas que nos acompanham no plenário e pela TVCâmara, cumprimento a todos. Sobre esse tema trazido pelo Ver. Cláudio Sebenelo, comento o que eu considero, pessoalmente, o trabalho com os vendedores ambulantes - os camelôs, como se costuma chamar - um dos mais difíceis de ser gerenciados. Muitas tentativas são feitas, tentativas de colocá-los num local centralizado, o que tem muita dificuldade de ser aceito por eles, porque eles querem sempre estar onde as pessoas passam, se movimentam, e é difícil achar um local disponível na Cidade para isso. Sabemos que muitos são regularizados; outros tantos não são, até por uma busca de renda. Sabemos - isso é verdade, diariamente a gente vê notícias nos jornais - que há muito contrabando misturado com as mercadorias legalizadas. É um tema muito difícil e complicado. De qualquer forma, a Assessoria do Prefeito já anotou a questão trazida por V. Exª, e vamos conversar com a SMIC.

Com relação ao churrasquinho, sobre isso eu quero dizer que reconheço o excelente trabalho feito pelo nosso colega Adeli Sell, mas em relação a essa medida eu sou absolutamente contra. Realmente, a alegação de que polui não tem base concreta. Portanto, acho que é uma exigência absolutamente exagerada, digamos assim.

Quero, nesta tribuna, também trazer à discussão para os colegas, enfim, para a cidade de Porto Alegre dois assuntos. O primeiro é a grande alegria para a Cidade inteira e para este Vereador, que também foi há pouco Secretário de Obras, pelo que a SMOV noticia e os jornais de hoje também trazem: a matéria no sentido de que, depois de longa negociação em torno do projeto, enfim, da forma de execução, o Banco Interamericano de Desenvolvimento, o BID, financiador da 3.ª Perimetral, realmente deu o “de acordo” para que seja iniciada a obra do túnel que vai ligar a Av. Teresópolis com a Av. Aparício Borges. A previsão inicial para o encontro dessas duas Avenidas era fazer agora uma rótula e, no futuro, daqui a dez anos, quem sabe, construir ali um viaduto. A área já ficaria toda desapropriada para isso. Mas estudos feitos posteriormente pelos nossos técnicos, inclusive levando em conta a topografia do local, verificaram que havia a possibilidade de fazer uma estrutura mais simples e mais barata. Um viaduto custaria em torno de 10 a 12 milhões, e o túnel vai ficar em torno de 4 milhões de reais. Portanto, haverá um ganho enorme. É um outro projeto, uma nova abordagem, de tal forma que conseguimos economizar trabalhando, portanto, com um terço do valor anteriormente previsto, e é também uma obra bem mais rápida.

 

O Sr. João Antonio Dib: V. Exª permite um aparte? (Assentimento do orador.) Nobre Ver. Barbosa, a Administração Municipal tem colocado, nos últimos anos, a revisão do Túnel da Conceição, que é inadiável; começou com um milhão e 800 mil, aí foi aumentando, e, agora, V. Exª disse 4 milhões. Não foi isso?

 

O SR. GUILHERME BARBOSA: Como V. Exª está lendo um texto, não se fixou no que eu estava aqui falando. Estou-me referindo a um túnel que vai ligar a Av. Aparício Borges com a Av. Teresópolis, portanto em outro local da Cidade, um novo túnel.

 

O Sr. João Antonio Dib: Perdão, quando V. Exª falou em túnel, eu pensei no Túnel da Conceição, que é o único que existe em Porto Alegre. Não, com relação ao outro da Av. Teresópolis, as obras já estão iniciadas.

 

O SR. GUILHERME BARBOSA: Com relação a esse tema também que V. Exª traz, há um projeto pronto, a previsão, em face das dificuldades financeiras da Prefeitura, é de colocar em licitação, se não me engano, Ver. Dib, em agosto ou setembro, para que a gente possa iniciar a obra mais para o final do ano ou para o começo de 2005, qualquer que seja o Prefeito, pela importância que há e a necessidade que há da execução desse trabalho.

Portanto, voltando ao assunto do túnel da Av. Aparício Borges e da Av. Teresópolis, acho que é uma grande notícia para a Cidade, e sinto-me também muito feliz.

Outro dado que os jornais de hoje estão trazendo, e acho que deixa todos contentes, sejamos nós da situação ou da oposição, é que pelo segundo ou terceiro mês consecutivo, a taxa de desemprego em Porto Alegre, assim como no País, cai. Isso traz, portanto, já uma concretização daquilo que se vinha dizendo, que a indústria estava crescendo; enfim, agora já traz um resultado muito positivo, ou seja, novas vagas de trabalho são abertas, e a notícia também se refere a um aumento da massa salarial. Portanto, além de mais empregos, esse reaquecimento da economia também está trazendo aumento da massa salarial. Isso está numa seqüência já de dois ou três meses, o que nos leva, de fato, a ter a esperança, à perspectiva de que o País entra realmente numa fase de crescimento.

Acho que os colegas devem ter lido, ontem, também manifestações do grande empresário gaúcho Jorge Gerdau Johannpeter, em que ele fazia afirmações muito fortes de um evento que havia acontecido no dia anterior, do crescimento da economia, e estava apostando nisso; a inflação vai ficar num patamar um pouco acima daquilo que o Governo anteriormente previa, mas absolutamente controlada e, portanto, nós temos toda uma perspectiva de que o nosso País entra numa fase de crescimento sem que seja uma “bolha”, como costumam dizer os economistas, mas um crescimento consistente. O que nos alegra a todos, porque nós sabemos que uma das maiores chagas que pode ter uma população, uma sociedade, é o desemprego. A falta do emprego para uma pessoa, além de, por óbvio, essa pessoa não ter a sua garantia de vida, da sua família, o desemprego humilha o cidadão, a pessoa se desestrutura, desestrutura a família completamente. Portanto esse era um problema sério que o nosso Governo estava tentando superar e, ao que tudo indica, agora começa, de fato, a superar com consistência.

E, também, trago, como base para esse meu argumento e essa manifestação de contentamento, uma reportagem de hoje do Jornal do Comércio, que diz que o uso da capacidade - referindo-se à indústria - é o maior da história; manchete do Jornal do Comércio de hoje. Portanto, a gente pega várias informações, manifestações dos principais empresários do Estado, do País, enfim, os dados da indústria, e, portanto, acho que nós vamos entrar numa fase de crescimento do nosso Brasil.

Muitas vezes eu digo, Ver. João Antonio Dib, que não sei se no mundo inteiro existe um País com tanto potencial como o nosso, com o tamanho da nossa Nação, com a quantidade de terra agriculturável, com o mar imenso e piscoso, muitas riquezas no subsolo, mas durante muitos anos, durante décadas, durante séculos na verdade, houve crescimento, algumas vezes, no País; mas o povo, de uma certa maneira, andou para trás. Espero que dessa vez e com esses sinais, com um Governo que tem um cunho social - como disse o Presidente Lula, esses dias, que até agora está feliz, mas não fez tudo o que queria, longe do que gostaria de ter feito até agora -, espero que estejamos trilhando um caminho de crescimento sustentável e permanente. Acho que tanto situação quanto oposição ficam contentes, porque não há possibilidade de que alguém esteja realmente feliz se o povo não estiver bem. Muito obrigado.

(Não revisto pelo orador.)

 

A SRA. PRESIDENTA (Margarete Moraes): O Ver. João Antonio Dib está com a palavra em Comunicações.

 

O SR. JOÃO ANTONIO DIB: Srª Presidenta, Verª Margarete Moraes, Srs. Vereadores, na realidade, os números me encantam. Bastou o Ver. Guilherme Barbosa falar em 4 milhões de reais e em túnel que eu já pensei que ele estava falando naquela obra que vem sendo adiada sistematicamente pelo Executivo, traindo os anseios do Orçamento Participativo, que é o Túnel da Conceição, que, ano a ano, nesta Administração que se encerra, foi colocado como meta de obra e não foi realizada.

Mas eu dizia que os números me encantam, até porque contra os números é difícil fazer discursos, e eu sempre procuro usar os números que são colocados à nossa disposição. Não sei se é a minha formação de Engenharia Civil ou se toda a minha ascendência que é libanesa, vale dizer fenícia, não sei porque, mas gosto dos números. Por exemplo, quando eu faço uma crítica ao mau gerenciamento da Saúde em Porto Alegre, ninguém vai pensar que eu apenas estou dizendo porque acho ou não estou defendendo o mau atendimento - até pedindo um melhor atendimento -, e, conseqüentemente, pedindo mais recursos. Não, a Prefeitura recebe muitos recursos e atende muito mal. Mas é só olhar, todos os dias, quando nós temos Sessões aqui, que o Ministério da Saúde é muito bem organizado na sua parte contábil. Chega-se a ver aqui um pagamento ao Programa Social de Saúde Bucal de 6 mil e 600 reais. Mas eu já vi pagamentos do Ministério da Saúde de 200 reais, tal é a organização; para informar esse pagamento de 200 reais, talvez eles gastem mais do que isso, mas a organização tem de ser mantida, assim como eles encaminham o envio de 200 reais para a Prefeitura de Porto Alegre, eles também encaminham para a Casa. Aqui há meia dúzia deles hoje; envios de ordem bancária no valor de 29, 30 milhões de reais. Hoje, todos são de valores razoáveis, não há nenhum de maior expressão, o mais alto aqui é de 242 mil reais, mas há meia dúzia.

Mas eu falava em números e, na semana que passou, eu vi aqui o Ver. Gérson Almeida falar no número de Cargos em Comissão que há na Prefeitura. E aí ele fazia uma comparação entre o percentual do passado e o percentual atual. Bom, claro que vou falar em números de novo. Mas eu pego, aqui, o Livro que me foi ofertado pelo ex-Vereador João Verle, analisando a primeira Administração do Partido dos Trabalhadores em Porto Alegre, e ele dizia que em 1995 a Prefeitura Municipal de Porto Alegre havia, na Administração Centralizada e na Câmara, 11.304 servidores, entre ativos e inativos. Em 1992, quando se encerrava a Administração Olívio Dutra, já havia 15.444 servidores, vale dizer que aumentaram 4.340 servidores, num período de quatro anos. Ora, percentual de 3% em cima dos 4.400 já dá 132. Mas eles aumentaram muito mais do que isso, porque continuaram e chegaram a números acima de 20 mil. Então, o percentual em si não significa nada. Haveria necessidade de aumentar o número de funcionários municipais da forma como cresceu? Isto é o que deve ser discutido. Não só o número de cargos em Comissão, de forma nenhuma. É importante o número de Cargos em Comissão. Eu, por exemplo, quando fui Prefeito, não permiti que aposentados retornassem à Prefeitura ocupando Cargos em Comissão - isso era para dar oportunidades aos servidores - e, de preferência, eu não trazia servidores de fora da Prefeitura para ocupar os Cargos em Comissão que a Prefeitura tinha. Então, eu tenho as minhas dúvidas quando colocam números apenas por colocar. E é por isso que quando o Ver. Barbosa falou no túnel lá da Av. Aparício Borges com a Av. Teresópolis, eu estava lendo os números dos Livros da Prefeitura, e fiquei pensando que se referiam ao Túnel da Conceição - esse sim, precisa de reparos. Como disse, ele começou com um milhão e 800 mil - pensei que já estava em 4 milhões; depois 2 milhões; depois foi designada verba; fizeram concorrência, mas nunca dá certo. O túnel continua se deteriorando.

No ano passado, quando o Prefeito disse que havia um déficit de 75 milhões de reais, com toda a tranqüilidade de quem analisa a execução orçamentária da Prefeitura, eu vim aqui e disse que haveria um superávit. E foi o que aconteceu. A execução orçamentária registra superávit e não déficit.

Mas há dados que até hoje não consegui, por mais que eu goste dos números, entender por que eles aconteceram.

O SUS encaminhou, em ordens bancárias, para a Prefeitura de Porto Alegre, no ano passado, 427 milhões de reais, que me dei ao trabalho de ler mês a mês. E a Prefeitura registra, na sua execução orçamentária, 250 milhões.

A Saúde é mal-atendida em Porto Alegre, enquanto a Prefeitura está nadando em dinheiro; são 430 milhões do SUS, segundo diz o Prefeito e seus representantes no plenário, e gastou 18% na Saúde. Ora, 18% de um bilhão e meio, são 270 milhões de reais. Já deu 800, e aí temos de somar o Grupo Hospitalar Conceição, o Hospital de Clínicas, o que já dá mais de um bilhão e meio de reais, e os nossos munícipes são maltratados, são mal-atendidos.

Mas quando ele disse que teria um déficit de 75 milhões de reais, ele já procurou aliviar o déficit, botando a mão no bolso dos servidores municipais.

Eu vim a esta tribuna e mostrei com números, com dados assinados pelo Secretário da Fazenda, e confirmados pelo próprio Secretário na imprensa, quando ele dizia aos servidores que a arrecadação nos 12 meses anteriores ao mês de maio do ano passado era de um bilhão e 460 milhões de reais, eu mostrava dados fornecidos pela própria Prefeitura, que era de um bilhão e 512 milhões de reais.

Portanto, não havia como negar o direito dos servidores em receber os 2,46% da bimestralidade, e ele negou, e continua negando.

Mas é claro que os números não podem ser contestados, a não ser com números corretos ou mais precisos.

Mas aqui está a informação do Tribunal de Contas, eis que exerci a Prefeitura, no ano passado, por 25 dias, portanto, me mandaram uma cópia, que diz o seguinte (Lê.): “...Assim, desconsiderados os valores relativos à Revisão Anual dos Salários informados pelo Executivo (fls. 677 a 681), em atendimento ao Ofício Circular n.º 07/2003, de 04-12-2003, a Despesa com Pessoal fica adequada ao limite de 90% de que trata o artigo 59, § 1º, inciso II e, evidentemente, aos limites de 95% e máximo, de que tratam, respectivamente, os artigos 22, parágrafo único e 20, inciso III, alínea"b” da LC n.º 101/2000, descaracterizando, dessa forma, a situação do alerta automático”.

Portanto, não foi necessário um alerta de parte do Tribunal de Contas. Essa Lei Complementar n.º 101/2000 é a maravilhosa e bendita Lei de Responsabilidade Fiscal, que me possibilita examinar, com mais tranqüilidade, os números que a Administração tenta, às vezes, falsear.

E, conclui, aqui, o Tribunal de Contas (Lê.): “Da Despesa Total com Pessoal. Consigno que o percentual apurado no final do exercício de 2003, no que se refere à despesa total com pessoal apresentada pelo Executivo Municipal, é inferior ao limite de 90% de que trata o artigo 59, § 1º, inciso II, da LC n.º 101/2000, razão pela qual não houve emissão de alerta ao Poder em tela”.

Portanto, o Executivo só não pagou porque não quis. Tinha o dinheiro, mas administrar a escassez parece não ser para qualquer um, e com 130, 140 milhões de reais no sistema bancário, para eles, é escassez. Eu estava acostumado a uma escassez de forma diferente: era falta de dinheiro mesmo.

Mas vamos continuar. Saúde e PAZ!

(Não revisto pelo orador.)

 

A SRA. PRESIDENTA (Margarete Moraes): O Ver. Professor Garcia está com a palavra em Comunicações. (Pausa.) Ausente. O Ver. Raul Carrion está com a palavra em Comunicações.

 

O SR. RAUL CARRION: Exma Verª Margarete Moraes, demais Vereadores, Vereadoras, todos os que nos assistem no dia de hoje, prestigiando esta Comissão Representativa e os que nos assistem na suas residências pela TVCâmara. Inicialmente, queríamos falar sobre as questões trazidas pelo Ver. Cláudio Sebenelo a esta tribuna, e dizer que inclusive fizemos um contato para tomar conhecimento do que se tratava. A informação que nos trouxe a assessoria da Secretaria é de que havia toda uma normatização, como V. Exª colocou aqui, inclusive no dimensionamento das bancas, em torno de um metro e vinte centímetros por oitenta centímetros. E que, progressivamente, esses acertos foram sendo desconsiderados; as bancas foram sendo aumentadas, elevadas na altura, e uma série de outras questões, bloqueando, muitas vezes, o acesso às lojas. Houve um processo de negociação; os vendedores ambulantes queriam que a negociação permanecesse como estava e irem negociando com tempo. A Secretaria entendeu que deveria haver uma medida mais rígida, e está aberta à negociação.

De toda a forma, vamos procurar todas as informações necessárias e estamos à disposição para ajudar em qualquer negociação entre os vendedores ambulantes e a Secretaria.

 

O Sr. Cláudio Sebenelo: V. Exª permite um aparte? (Assentimento do orador.) Ver. Carrion, obrigado pela atenção. É o seguinte: ontem estive na Secretaria e, indiscriminadamente, quase todos foram multados mesmo sem terem tocado na estrutura da banca. E, mais do que isso, eles multaram com base num cadastro anterior, e por falta de cadastro, e as pessoas não só tinham o crachá, como o crachá estava rubricado pelo Ver. Adeli Sell. Nunca apareceu um problema dessa ordem! A fiscalização foi lá e fez, generalizadamente, parar quase toda a Av. Assis Brasil. Ontem, nós estivemos conversando, inclusive com o Dr. Moisés, que foi muito atencioso conosco, que afirmou não haver absolutamente nada na estrutura. Essa negociação foi feita no tempo do Secretário Adeli Sell. A informação que eu obtive ontem - fui muito bem recebido, quero dizer que eu não tenho nenhuma queixa -, foi de que a retirada dos camelôs deu-se baseada num cadastro anterior. E eu lhe peço, encarecidamente, que fale com o Sr. Secretário para suspenderem essa ordem, porque ela é absurda. Era isso. Muito obrigado pela gentileza.

 

O SR. RAUL CARRION: Nós, de toda forma, temos a informação de que estão abertos à negociação, é uma questão de regularização; não é uma retirada. Em todo caso, nós queremos dizer que estamos à disposição para auxiliar em qualquer negociação. E mais, temos sempre manifestado o nosso entendimento sobre a questão dos ambulantes na Cidade e sobre o crescimento do número destes. Inclusive outro dia estávamos até num debate com o Ver. Dib, na Rádio Guaíba, e o nosso entendimento é que a Cidade tem de ser ordenada, tem de haver a possibilidade do trânsito das pessoas; as calçadas são públicas. Mas, ao mesmo tempo, temos de entender que é um problema social que tem de ser enfrentado, primeiro na sua raiz, que é a causa da proliferação do trabalho informal. Aliás, o Governo anterior, do Sr. Fernando Henrique, endeusava a chamada economia informal como sendo um desenvolvimento da iniciativa individual do empresariado; todo mundo era empresário. E nós sabemos que, na verdade, isso é o subemprego, o desemprego, pois as pessoas, para sobreviver, precisam criar formas de trabalho não-assalariado.

Também queríamos entrar em outra discussão, que o Ver. Guilherme Barbosa tratou rapidamente. Temos visto que o País, felizmente, recomeça uma recuperação econômica, de crescimento, de uma certa ampliação da atividade produtiva. Nós temos a recuperação industrial, este ano, que já acumula 20%. Também li, hoje, no jornal, que o uso da capacidade industrial do País, neste momento, atinge 82,5% da capacidade instalada, o maior índice desde 1992. Não é só uma recuperação em relação à recessão que o Governo Lula encontrou, mas é uma recuperação em relação a 12 anos. Ao mesmo tempo, temos as exportações já atingindo, no primeiro semestre, 15 bilhões de dólares de superávit, o que é também um recorde, eu diria, histórico. Se as projeções continuarem, significará um superávit nas vendas externas, Verª Margarete, de 30 bilhões de dólares, algo que nunca aconteceu, e isso tem uma importância não só na recuperação econômica, mas tem uma importância no sentido de enfrentar a vulnerabilidade externa do País. O País ainda precisa submeter-se a determinados acordos e imposições da banca internacional, a um spread bancário de mais de 6%, que chegava a 27% quando Fernando Henrique saiu – é o chamado risco-Brasil, que significa, além da taxa de juros mundial normal, um acréscimo para cada 100 pontos de 1%. Portanto, quando o risco-Brasil era 2 mil e 700, significava mais 27% de juros externos em qualquer empréstimo; hoje o risco-Brasil está em torno de 600, o que significa 6% de juros a mais, que já é algo muito elevado, mas o próprio superávit externo que já atinge 15 bilhões no primeiro semestre, podendo chegar a 30 bilhões no ano, o que significa o enfrentamento dessa vulnerabilidade. Também o emprego continua crescendo pelo quarto mês – aqui temos os dados da indústria da construção civil em Porto Alegre -, reduzindo a taxa de desemprego em todo o País; a produção industrial cresce em 11 de 14 áreas pesquisadas, e assim por diante.

Agora, essa recuperação econômica, no entender do Partido Comunista do Brasil, o PCdoB, ainda é insuficiente, Verª Margarete Moraes, porque ainda se dá no contexto de restrições muito grandes na área de juros, com restrições muito grandes na área do superávit primário, que hoje já chega a cerca de 5% do PIB, 4,92%, superando as próprias exigências do FMI - estamos sendo mais realistas do que o rei -, na área econômica, dirigida pelo Sr. Palocci e pelo Sr. Meirelles. Nós podemos dizer que essa recuperação econômica ainda se dá nos marcos da capacidade produtiva instalada, o que é mais fácil, o que é mais rápido; é uma recuperação econômica. Ainda não temos no nosso País, o que é a nossa luta, realmente um projeto de desenvolvimento econômico, de desenvolvimento nacional, com o crescimento da própria capacidade produtiva, e aí exige investimentos, e aí exige um descontingenciamento inclusive dos investimentos em infra-estrutura de que esse País está carente.

Nós vemos com bons olhos a recuperação econômica, a retomada do crescimento, que também, Ver. Cláudio Sebenelo, muitas vezes, a oposição critica. Então, queremos que ela agora parabenize o Governo Lula pela retomada, hoje uma retomada mais sólida, com os fundamentos macroeconômicos sólidos: superávit primário, inflação em queda, déficit orçamentário primário inexistente, aliás, um grande superávit, maior do que nós achamos que deveríamos ter. Agora, se faz necessário que o País retome o projeto de Nação, retome o projeto de desenvolvimento, e isso não será possível com a manutenção dos atuais juros, não será possível com a manutenção do superávit primário de mais de 5%. Por isso, então, por um lado, os nossos parabéns; por outro lado, a luta continua por uma retomada do projeto de desenvolvimento.

Para concluir, e ainda está dentro dessa questão, quero saudar também a decisão do Ministro Palocci, que cedeu, e, doravante, o salário mínimo deverá, na LDO, constar não só na recuperação da inflação, como também um percentual de crescimento do PIB, ou seja, no próximo ano, já está assegurado, na LDO, por essa pressão que foi feita pelo movimento sindical e pelos setores desenvolvimentistas do Governo Lula, no sentido de que o reajuste do salário mínimo seja a inflação e mais o crescimento do PIB. Achamos que é uma sinalização importante para o rumo de uma economia mais saudável para o nosso País. Muito obrigado.

(Não revisto pelo orador.)

 

A SRA. PRESIDENTA (Margarete Moraes): O Ver. Elói Guimarães está com a palavra em Comunicações.

 

O SR. ELÓI GUIMARÃES: Srª Presidenta, Sras Vereadoras e Srs. Vereadores, o Estado, o Estado instituição, de resto o Poder Público passa a ocupar o debate do ponto de vista político e se fazem oportunas algumas reflexões, exatamente sobre a instituição Estado, e de resto o Poder Público, para chegarmos ao alvará de licença, ou seja, lá na ponta do sistema.

A verdade, Srª Presidenta e Srs. Vereadores, é que o Estado não pode ser o obstáculo, o Estado não pode ser algo que, por assim dizer, vamos usar o jargão popular, atrapalhe o Estado, tem de ser um instrumento de inter-relação com a sociedade capaz de oferecer à sociedade a dinâmica que essa precisa para exatamente atingir os seus objetivos.

Disse que o Estado é um Estado desproporcional à sua capacidade de serviço e obras, e é uma realidade que vem-se constatando. Por outro lado, a capacidade de desembolso da sociedade, da população, está, por assim dizer, no limite. Não há mais como se buscar, na economia social, mais recursos para o Estado.

A sociedade e a população dizem que o Estado arrecada exacerbadamente e devolve muito pouco. Se nós examinarmos sob esse enfoque é uma verdade irretorquível, pois a população e a sociedade vêm contribuindo, mas o Estado vem respondendo insatisfatoriamente. Então, nós precisamos, inquestionavelmente, discutir o Estado como gerente, como gerenciador da sociedade, e aí nós vamos entrar numa questão doméstica, que diz respeito ao alvará para o desenvolvimento de diferentes atividades: o alvará de licença. Sabemos todos que qualquer estabelecimento na cidade de Porto Alegre, seja ele de ordem pequena ou grande, precisa de alvará. E aí há dificuldades; vêm-se observando dificuldades. Por quê? Porque nós temos, ao lado desse Estado, que se tornou pesado, uma burocracia extremamente contrária aos interesses da própria sociedade. A burocracia tem cobrado, Srª Presidenta e Srs. Vereadores, um preço muito alto para o desenvolvimento da sociedade, dos negócios, das atividades, etc. e tal. E hoje há uma grande discussão porque temos de desburocratizar o Estado - quando eu falo em Estado, estou falando da Prefeitura, da União -, romper com muitas e muitas práticas que bloqueiam a atividade estatal.

A questão do alvará em Porto Alegre, na minha opinião, as dificuldades que tem qualquer pessoa de obtê-lo, seja para empresa pequena ou grande, são de tal ordem, porque aí entram outras questões, como por exemplo: “Tu não tens o habite-se”, ou “Falta isso, falta aquilo, logo, não posso te dar o alvará”. Quando se nega o alvará às atividades gerais da cidade de Porto Alegre, o que é que está-se fazendo? Está-se, por assim dizer, impedindo a criação de empregos, impedindo a criação de receita pública por meio do tributo. Bem, então nós temos de modificar isso. E o que estou colocando vale para a Prefeitura de Porto Alegre, como vale para outras prefeituras, vale para o Estado e para a União. É uma questão, Ver. Garcia, de concepção, de formatação, de modelo de Estado, que nós vamos ter de modificar, porque ele se tornou pesado e caro, ineficiente! Ineficiente! Não dá mais para pedir à população e à sociedade que carreiem aos cofres públicos mais recursos, porque a sociedade está, por assim dizer, asfixiada com o peso tributário que tem sobre os seus ombros. Se observarmos a situação de qualquer pessoa, nós vamos ver que essa pessoa contribui – vejam bem – com mais de 50% dos seus ganhos ao erário, ao Estado, à instituição, seja Município, seja Estado ou União.

Então, esta discussão parece-me de todo atualizada e está sendo discutida. O Estado brasileiro – e, quando falo em Estado, estou falando de Municípios e da União – precisa ser redimensionado para tornar-se um instrumento dinâmico, capaz, fértil às realizações da sociedade, senão ele se torna um estorvo. O Estado, hoje – diria a Prefeitura –, quando atua na questão do alvará, é um estorvo, porque por pequeno detalhe de ordem burocrática não se emprega, deixa de se empregar e não se arrecadam tributos, por pequenos detalhes: porque falta isso, falta aquilo, etc.

Então, se faz imprescindível e necessária uma revolução, sem armas, é bem verdade, para alterarmos o perfil, as formas e práticas, quer da Prefeitura, quer do Estado do Rio Grande do Sul - do Estado que for - e da União, para fazer com que a sociedade resolva os seus problemas sem dificuldades. O Estado não pode ser um estorvo.

Então, Srs. Vereadores e Vereadoras, parece-me que esta é uma discussão atual que nós temos de fazer, pois não é possível – e isso não é novidade - que uma pessoa que queira abrir um pequeno estabelecimento vá à Prefeitura, e, lá, digam-lhe que tem de ter o alvará... Muito bem, ela reúne a documentação, mas, aí, dizem-lhe que falta o habite-se, falta isso, falta aquilo. Não se quer dizer que as atividades devam ser deixadas de forma desorganizada. Não. Mas nós temos de diminuir o grau de exigibilidade que fazem às pessoas. Porque elas querem abrir um estabelecimento para vender, ou seja, logo estarão produzindo, logo vão recolher tributos, logo vão empregar um funcionário, mas elas têm dificuldades.

E, muitas vezes, esse ciclo se rompe. E o súdito, o cidadão é multado. Muitas vezes, o cidadão vai à Prefeitura e diz que vai abrir um estabelecimento. Ele abre o estabelecimento, e a Prefeitura vai lá e aplica uma multa ao cidadão que quer trabalhar, que quer produzir, que quer arrecadar impostos, que quer empregar.

Então, fica aqui a nossa manifestação no sentido de dizer que nós temos de discutir essas questões, que, para mim, são fundamentais, quais sejam: a remodelação, a reformulação, a reestruturação, a reconcepção de um Estado ágil, leve, que caminhe na direção do cidadão e que não seja um obstáculo às atividades e, de resto, ao desenvolvimento da economia, sem a qual não há o crescimento econômico, e, sem o crescimento econômico, não se consegue alterar essa estatística do desemprego. O País precisa crescer! Não há milagre, não há solução, sem o desenvolvimento, e isso se dá em nível de Município, também. Obrigado.

(Não revisto pelo orador.)

 

A SRA. PRESIDENTA (Margarete Moraes): O Ver. Professor Garcia está com a palavra em Comunicações.

 

O SR. PROFESSOR GARCIA: Srª Presidenta, Sras Vereadoras, Srs. Vereadores, hoje nós teremos uma reunião com o Deputado Estadual Sanchotene Felice, que apresentou uma Lei, que foi aprovada na Assembléia Legislativa, em que restringe as aulas de educação física das 10h da manhã às 4h da tarde, em locais abertos.

Dessa reunião, hoje, estarão participando, além deste Vereador, o Ver. João Bosco Vaz, o Conselho Regional de Educação Física, a Associação dos Profissionais de Educação Física, o Conselho Dirigente das Escolas Superiores de Educação Física, os Sindicatos dos Profissionais de Educação Física e mais a Associação das Academias do Rio Grande do Sul.

Nós vamos ter uma conversa franca, aberta com o Dep. Sanchotene Felice, porque o Governador do Estado, Germano Rigotto, já manifestou interesse em vetar essa Lei. Nós queremos discutir e, ao mesmo tempo, sensibilizar o Deputado, para que ele acate o veto do Governador. Primeiro, porque as escolas, sejam elas particulares ou públicas, não têm hoje locais cobertos suficientes para atender a toda essa demanda. Segundo: as aulas de educação física, hoje, nas escolas, são realizadas duas vezes por semana, e os alunos ficam expostos, então, a dois períodos de 50 minutos. A explicação que o Deputado deu, relativa à questão da exposição dos alunos aos raios solares é pertinente, mas, por duas vezes na semana, ela não causa danos.

Nós queremos ampliar essa discussão, porque, nesses horários, são milhares e milhares de pessoas que fazem as suas práticas esportivas, as modalidades esportivas também ocorrem nesse horário. Poderíamos, inclusive, levar para outro lado; por exemplo, são milhões de trabalhadores da construção civil no nosso País que estão expostos a intempéries, ao sol, dia a dia, aí sim, de forma permanente. E a prática da educação física, nós sabemos, ajuda na diminuição da obesidade, na questão do controle da pressão arterial, na diminuição de problemas cardiovasculares, além dos efeitos da sociabilidade que a atividade física permite. Então, em cima disso, nós queremos fazer essa discussão, porque nos preocupa bastante; me preocupa não somente como Vereador, mas também por ser alguém da área, um profissional de Educação Física e membro do Conselho Federal. Nós estamos discutindo, porque entendemos que a Lei tem o seu mérito com a preocupação do nobre Deputado, mas entendemos, também, que essa preocupação chega a ser um pouco exagerada, em vista – volto a dizer, dois períodos semanais – da multiplicidade que existe de pessoas. São milhares e milhares de pessoas que fazem as suas atividades físicas nos horários entre 10h e 16h. Inclusive, nas aulas de Educação Física, os alunos não ficam sem camisa, eles estão cobertos, muitas vezes protegidos também na cabeça, pois hoje grande parte da juventude utiliza boné, que é uma prática tão difundida.

Então, nós esperamos que o Deputado, a partir de hoje, desta reunião com todos os segmentos envolvidos na Educação Física do Rio Grande do Sul, possa estar sensível, porque nós entendemos que ficar sem atividade física das 10h às 16h vai ser um retrocesso, vai ser um retrocesso histórico no Rio Grande do Sul, que, podem ter certeza, irá trazer malefícios para as gerações futuras. Hoje, já temos um problema seriíssimo, não só no nosso País, mas no mundo, pois a população mundial está cada vez mais obesa, com as suas disfunções; o mundo está cada vez mais sedentário, com as pessoas ficando horas e horas na frente da televisão, na frente do computador, esquecendo-se de fazer uma atividade física, esquecendo-se de fazer uma interação com outros seres humanos.

Portanto, essa Lei proposta pelo Deputado Estadual Sanchotene Felice, nesse horário, cria este óbice que, no nosso entendimento, vai ser um retrocesso. Volto a dizer, é pertinente a sua preocupação quanto à questão dos raios solares, quanto à questão da dermatologia. Queremos, inclusive, fazer essa discussão com os médicos e ver, primeiro, se existe algum estudo científico que comprove que duas horas semanais causariam danos irreparáveis à saúde desses jovens e adolescentes. Eu acho importante que haja alguns dados estatísticos, temas científicos relativos a isso.

Eu vejo aqui o Dr. Cláudio Sebenelo que talvez até possa colaborar nessa discussão, se há algum dado científico que diga que duas horas semanais possam causar danos irreparáveis à saúde dos jovens.

Também nos preocupa que as escolas, como já dissemos no início, não possuem locais cobertos para a prática de esportes. Inclusive, nessa Lei, o Deputado teve o cuidado de colocar as variáveis no horário de verão, mas, eu volto a dizer, no verão não há aula de educação física; as escolas no verão não funcionam. Então, essa é uma discussão que nós temos de fazer; queremos fazer e vamos procurar, no dia de hoje, com todas as entidades representativas do meio educacional ligadas à Educação Física no Estado Rio Grande do Sul, tentar sensibilizar o Dep. Sanchotene Felice para que ele possa acatar o veto, e encontrar uma solução mais adequada para esse impasse.

Eu volto a dizer, que pode ter e tem mérito, mas entre o mérito e o prejuízo que vai causar à sociedade e à juventude do Rio Grande do Sul, eu não tenho nenhuma dúvida que os malefícios serão maiores do que os benefícios. Eu gostaria de ver, por parte das instituições científicas ligadas a médicos na formação de dermatologistas, algum estudo que digam que em dois períodos semanais – duas aulas de 50 minutos cada -, de forma científica, que isso possa causar danos ou malefícios, de forma irreparável, à juventude de Porto Alegre, à juventude do Rio Grande do Sul.

Hoje nós teremos uma reunião, e eu gostaria de voltar oportunamente a ocupar esta tribuna para dizer que o Deputado foi sensível e que a discussão está aberta. É um tema polêmico, mas nós temos de, cada vez mais, tentar salvar a nossa juventude por meio das práticas desportivas para a manutenção da sua saúde, da sua qualidade de vida e fugir também, e muito, da questão das drogas e dos malefícios hoje vigentes não só em Porto Alegre, no Brasil, mas em todo o mundo. Muito obrigado, Srª Presidente.

(Não revisto pelo orador.)

 

A SRA. PRESIDENTA (Margarete Moraes): O Ver. Cláudio Sebenelo está com a palavra para uma Comunicação de Líder.

 

O SR. CLÁUDIO SEBENELO: Srª Presidenta, Srs. Vereadores, gostaria de falar ao Ver. Professor Garcia sobre esse Projeto do Dep. Sanchotene Felice, um excelente Projeto, com bases científicas, com pronunciamentos - e V. Exª conhece muito bem - da Sociedade de Dermatologia, que afirma que a alta incidência de câncer de pele faz com que voltemos as nossas atenções para as questões dos efeitos da radiação solar sobre a pele e as defesas da pele em relação a esses agentes físicos, que fazem com que crianças tenham lesões tão graves de pele com a exposição a partir das 10h da manhã até às 15h - no verão dentro do horário normal, não no horário de verão, o que ainda agrava mais. Nós, indiscutivelmente, vivemos na sociedade da pressa; a sociedade do automóvel, da imobilidade, mas precisamos também sair em busca das causas desses grandes malefícios, de um dos maiores desafios da história da Medicina e da humanidade, que são pragas crônicas, como o câncer, e solucionar, não por meio de efeitos terapêuticos com medicamentos citostáticos, com radioterapia, com os processos cirúrgicos contra o câncer, mas de uma outra forma, chamada prevenção.

Sabemos que o câncer teve a sua incidência muito aumentada com a sociedade industrial; sabemos que o cigarro - produto da sociedade industrial - é um dos causadores do câncer de pulmão; sabemos que outras formas, como por exemplo o câncer de pele, são produtos de uma sociedade industrial que fez com que o buraco na camada de ozônio na atmosfera fosse muito aumentado. E no momento em que ele aumenta, aumenta a incidência de raios ultravioletas do tipo beta, que são altamente nocivos à pele. A partir das 10h da manhã, com a incidência do sol no seu apogeu, até às três horas da tarde, quando começa a diminuir a quantidade desses raios, a pele fica exposta a lesões graves, que mais tarde podem transformar-se em lesões cancerígenas. E essa incidência tem aumentado muito com a exposição da pele ao sol, e ela não existe nas pessoas que passam a maior parte do ano não expondo a pele, como nos países nórdicos, como nos países europeus do norte da Europa, onde a quantidade de raios solares é muito menor. Essa relação - raio solar e pele - é atenuada, inclusive, pelo uso de substâncias que protegem a pele e são usadas, no verão, nas praias - os chamados bronzeadores, mas que são protetores de pele -, e talvez isso tenha sido um grande progresso. Mas essas crianças não ficarem expostas ao sol, especialmente nos meses mais intensos da primavera e do verão, quando a radiação é muito maior, nós sabemos que podemos evitar, no futuro, esse câncer de pele, diminuindo a incidência desses raios.

Esse Projeto é muito bom, não anula a atividade; exatamente ao contrário, ele estimula a atividade. Sabe-se que as crianças são protegidas pela sombra das árvores e, principalmente, em ginásios fechados, onde fica muito menor a exposição aos raios ultravioleta do tipo beta, havendo a possibilidade de, com isso, fazer esse tipo de prevenção, porque a prevenção é uma coisa muito barata; o caro, depois, é o tratamento, a hospitalização, a cirurgia, a radioterapia, a quimioterapia. Realmente, são produções extremamente caras e que nós poderemos abreviar, diminuir ou anular com uma coisa maravilhosa chamada, em Medicina, prevenção. Muito obrigado.

(Não revisto pelo orador.)

 

A SRA. PRESIDENTA (Margarete Moraes): O Ver. João Carlos Nedel está com a palavra em Comunicações.

 

O SR. JOÃO CARLOS NEDEL: Srª Presidenta, Srs. Vereadores e Vereadoras, aproveitando o início do nosso recesso, estive em Brasília, neste final de semana, para rever as minhas netas que lá residem. É claro que fui por minha conta pessoal, não há dinheiro público investido nisso, é bom deixar claro. Lá mantive contato com jornais da Capital da República e de outras Capitais. Fiquei impressionado com as notícias que vi sobre a última reunião do Partido dos Trabalhadores com o Presidente, e com as decisões pré-eleitorais, mas que atingem o setor eleitoral, com respeito à distribuição de verbas.

Eis aqui o que o jornal Correio Brasiliense noticia - o Correio Brasiliense é o jornal da Capital Federal, Brasília: “Governo reserva mais dinheiro para petistas”. Diz o jornal O Globo, do Rio de Janeiro: “Aracaju, Sobral e São Paulo recebem mais dinheiro do que o Rio de Janeiro”. E é impressionante a disparidade de distribuições. Leio o jornal Folha de São Paulo, que diz, muito claramente: Rio Branco, administrado pelo PL, ou seja, da Frente Governista, recebeu 2 milhões de reais; Maceió, 12 milhões de reais; Manaus, 5 milhões de reais; Macapá, 6 milhões de reais; Prefeitura de Recife, cidade governada pelo Partido dos Trabalhadores, 27 milhões de reais; Belém, 26 milhões de reais; São Paulo, governada também pelo Partido dos Trabalhadores, 52 milhões de reais - 52 milhões!; Belo Horizonte, 17 milhões de reais; Goiânia, 7 milhões de reais; Sobral, uma pequena cidade do Ceará onde o irmão do Ministro Ciro Gomes é o Prefeito, 6 milhões e 46 reais; e para a Capital do Rio de Janeiro, para a cidade do Rio de Janeiro, apenas 2 milhões de reais. Então, diz a colunista do jornal Folha de São Paulo, Eliane Cantanhêde, que eu passo a ler (Lê.): “Imagine você o que o PT diria de um governo que: 1 - Recorresse a um parecer da Advocacia Geral da União para driblar a lei eleitoral e sair distribuindo verbas para Estados e Municípios nos três meses que antecedem as eleições?...” Isso, se ocorresse com Partidos que não o PT, seria um imenso escândalo, Ver. João Dib; e o PT fez isso.

Imagine se (Lê.): “2 - Usasse a liberação de verbas do Orçamento para favorecer os Deputados e Senadores da base aliada que fossem candidatos a prefeitos? E se a proporção fosse de 45,8% dos R$ 120 milhões pedidos pelos aliados..." – 45% dos R$ 120 milhões distribuíram para os aliados, e para os não-aliados, que pediram apenas R$ 27 milhões – apenas R$ 27 milhões – "...contra apenas 1,9% dos R$ 27 milhões desejados pelos candidatos oposicionistas?..." Também, Verª Clênia Maranhão seria um imenso escândalo!

E diz, ainda, a colunista, se (Lê.): “3 - Empurrasse com a barriga a votação pelo Congresso de uma lei prevendo a expropriação de terras onde houvesse trabalho escravo e sua destinação para a reforma agrária? Seria" - também - "um escândalo!”

Também, se (Lê.): “ 4 - Vivesse reclamando da perseguição da imprensa e do Ministério Público, a ponto de defender a 'lei da mordaça'? Ih! Seria um escândalo! O que tem a dizer o Governo do PT? Ontem, ao reunir os ministros, líderes governistas e presidentes de estatais, Lula disse que poucas vezes na história republicana um Governo foi tão cobrado quanto o seu..."

"...Lá pelas tantas, o Presidente lembrou que isso 'é bom para a democracia' e admitiu: 'As pessoas estão cobrando de nós o que nós cobramos dos outros'. É verdade."

E aí encerra a colunista: “Justamente por isso, é legítimo perguntar: e o PT, o que diz sobre o governo do PT?”

Ora, meus senhores, burlar a lei, fazer tudo o que reclamavam... E estão fazendo pior, distribuindo recursos a varrer.

Aqui há um levantamento sobre o percentual per capita das distribuições, ou seja, as distribuições liberadas por habitante. Porto Alegre foi também contemplada per capita com R$ 6,33 reais por habitante. Já Boa Vista, também governada pela ala aliada, R$ 56,56. Para Porto Alegre foram 6 reais; 56 reais foram para Boa Vista. Para Aracaju, também governada pelo Partido dos Trabalhadores, R$ 47,04 per capita.

Agora, e para os oposicionistas? Para os da situação: 47 para Aracaju, 56 para Boa Vista, 43 para Palmas - que é dirigida pelo PL. Agora, para a oposição: Salvador, que é do PFL: R$ 1,52; para João Pessoa, que é do PSDB: R$ 1,66; para o Rio de Janeiro, Ver. João Dib, pasme: R$ 0,34 reais por habitante.

É privilégio isso? Isso é ético? Onde é que está a moralidade pública? Onde estão os princípios éticos que todos nós defendemos? Foram para o lixo! Porque é mais importante a vantagem eleitoral.

E os jornais de todo o Brasil espantam-se. Aqui, no jornal Folha de São Paulo, diz o seguinte (Mostra o jornal): “Prefeituras aliadas recebem mais recursos. Levantamento feito pela Comissão de Orçamento e pela Folha, mostram que Prefeitos da base aliada têm recebido mais verbas por habitante”. Vejam o que é o favorecimento de verbas públicas orientadas para um Partido político.

Nós, que defendemos a moralidade, somos contra qualquer imoralidade feita por qualquer Governo, por qualquer Partido. Isso não pode acontecer num regime democrático regido por princípios éticos.

(Não revisto pelo orador.)

 

A SRA. PRESIDENTE (Margarete Moraes): O Ver. João Antonio Dib está com a palavra para uma Comunicação de Líder.

 

O SR. JOÃO ANTONIO DIB: Srª Presidente, Verª Margarete Moraes, Sras Vereadoras e Srs. Vereadores, eu gosto muito da verdade, que deveria ser praticada sempre por todos os políticos. Isso me faz ir ao passado, ao Ginásio do Carmo, quando, numa lição de catecismo, o professor perguntava: “O que é mentir?” Ninguém sabia responder direito, e ele disse: “Mentir é falar contra o que se pensa, para enganar”. Mas, às vezes, as mentiras são tão elaboradas, são tantas vezes repetidas, que as pessoas chegam a pensar que são verdades.

Como disse, eu gosto muito de números; e eu olhava os meus números e encontrei aqui um recorte do jornal Zero Hora de 2002: “O Ex-Prefeito Tarso Genro estava muito satisfeito, porque havia uma menção a Porto Alegre no Relatório das Nações Unidas sobre o desenvolvimento humano. Um parágrafo do Relatório, de cerca de 400 páginas, dedicado a presentear o Orçamento Participativo da Capital como um exemplo”. Realmente, o ex-Vereador desta Casa, Heriberto Back, do Partido dos Trabalhadores - que continua filiado ao Partido dos Trabalhadores -, desnudou o Orçamento Participativo, mostrando que não era verdade o que se pretende apregoar, mas que foi tantas vezes repetida a mentira que, hoje, se pensa que seja verdade. A informação das Nações Unidas, durante os primeiros sete anos da experiência do Orçamento Participativo, “a percentagem de famílias com acesso ao serviço de água aumentou de 80% para 98%”. Duas mentiras estão escritas nesse 80% para 98%. Nunca eles viram esta Cidade com 80%! Está aqui o relatório da minha Administração - não fui eu que o escrevi, foi o Prefeito que me sucedeu -, e já estava com 97%. Mas já estava com 97% na Administração Thompson Flores, como continuou na Administração Villela, porque é difícil superar os 97%, pelo crescimento da Cidade; mas a mentira repetida, de repente, pode parecer verdade.

Agora é outro assunto (Lê.): “Uma interpretação simplista em voga acusava a Administração Popular de reproduzir os discursos dos governos conservadores e populistas que a precederam, os quais justificavam negativas de recomposição salarial, sob o argumento de não ter dinheiro. A diferença, entretanto, contudo, estava no fato de que o novo Governo nunca impediu o acesso dos interessados à sua contabilidade; ao contrário, estimularam-se as investigações sobre as finanças municipais”. Mentira deslavada, porque, no ano passado, em um dia em que eu exerci a Prefeitura, pedi para o Secretário da Fazenda que sentasse ao computador e me desse a disponibilidade bancária, já que a Câmara reclamava a senha para acesso à contabilidade, e ele não sabia fazer. Então, a gente fica sempre criticando algumas coisas, mas esquece que os escritos não desaparecem.

E aqui dizia, a Administração Petista, em 1992: “Dentre algumas importantes questões postergadas encontram-se as referentes à reformulação do Plano de Carreira e à isonomia”. Eu não preciso dizer mais nada, foi em 1992, criticando os outros. E onde está o Plano de Carreira da Administração do Partido dos Trabalhadores? O que fizeram? Onde está a isonomia apregoada aqui? Quem pode ler o art. 31 da Lei Orgânica que diz que o salário básico vincula os demais salários da Prefeitura; a eles são vinculados os demais salários da Prefeitura. Quem pode me dizer o que foi feito do salário básico da Prefeitura em relação a Procuradores, a Agentes Fiscais e a outros tipos que são impedidos de fazer uma reclassificação, que não seja no conjunto todo, conforme determina o art. 34 da Lei Orgânica?

Portanto, mentir dá a impressão que Porto Alegre passou a ter água, passou a ter esgoto quando eles começaram: há dezesseis anos. Não, Porto Alegre era uma Cidade com muita competência, com muita seriedade, com muita responsabilidade dos seus servidores, e esses servidores, fraudados pela Administração petista, hoje lamentam as coisas que ocorrem porque promessas, promessas, críticas, críticas, mas a verdade, não! Saúde e PAZ!

(Não revisto pelo orador.)

 

A SRA. PRESIDENTA (Margarete Moraes): A Vereadora Clênia Maranhão está com a palavra em Comunicações.

 

A SRA. CLÊNIA MARANHÃO: Srª Presidenta, Srs. Vereadores, senhoras e senhores que acompanham os nossos trabalhos. Inicialmente eu queria parabenizar uma categoria importante desta sociedade na área da alimentação, que são os panificadores; parabenizá-los pelo seu dia, o “Dia dos Panificadores”.

Eu queria trazer à tribuna um debate sobre três temas que considero relevantes para este Parlamento, porque são relevantes para as mulheres e os homens do nosso Município. Preliminarmente eu queria retomar uma discussão que já foi feita em outras oportunidades, porém, considerando a falta de avanços efetivos, eu acho que deve ser tratada novamente, mais uma vez, acompanhada e fiscalizada neste Município, pela Câmara Municipal de Porto Alegre.

Refiro-me à gravíssima crise de Saúde Pública que vive o Município de Porto Alegre, e que, há algum tempo, tem sido acompanhada, inclusive com a ouvida da comunidade, por meio da Comissão Técnica de Saúde desta Casa.

Nesta época do ano, essa problemática se agudiza pelas condições climáticas da nossa Cidade, e tendo em vista que um dos pontos cruciais, mais nevrálgicos, mais dramáticos, uma das maiores dificuldades enfrentadas pela política de saúde, que afeta, principalmente, as pessoas de baixa renda da nossa Cidade, é a dificuldade de um atendimento humanizado nas emergências dos nossos hospitais.

A discussão das emergências, o drama das pessoas que ficam sentadas naquelas cadeiras de plástico, horas a fio, ou deitadas nas macas dos corredores, na maioria dos hospitais da Capital, é resultante de uma dificuldade, evidentemente, de financiamento público para a área da Saúde; é resultado de um excesso de demanda no número de pacientes que chegam a esses hospitais.

Porém, todos nós sabemos que as sociedades que têm sido capazes de implantar, efetivamente, concretamente, uma política de atenção primária à Saúde, fazendo com que as Unidades de Saúde não sejam meros equipamentos físicos, mas que as Unidades de Saúde, que os postos avançados sejam construídos dentro de uma concepção, na qual sejam garantidos atendimentos médicos e atendimentos dos demais profissionais de saúde, com equipamentos técnicos capazes de realizar, nessas Unidades, os exames primários de saúde.

Nos Municípios brasileiros, onde o Sistema Único de Saúde tem sido implantado e tem avançado na criação e na ampliação dos profissionais de saúde, da Medicina de Saúde, que ocupam os espaços em que moram as populações mais pobres, tem sido reduzida drasticamente a problemática da superlotação das emergências. Todos nós sabemos que nas sociedades onde há implantado um sistema preventivo de saúde, equipado tecnologicamente, com os profissionais capacitados, com as portas abertas, inclusive no turno da noite, mais de 90% das internações hospitalares estão sendo evitadas.

Portanto, o grande drama é a construção de uma rede de atendimento nos principais bairros, nas principais vilas de Porto Alegre, com especialistas que tratem efetivamente nos locais de moradias, das enfermidades que podem ser tratadas e devem ser tratadas nas emergências das Unidades de Saúde. A ausência disso, ou o número absolutamente insuficiente, faz com que, não apenas do interior do Estado venham as ambulâncias para os hospitais, como das regiões do extremo sul da Cidade ou da Zona Norte, se desloquem desnecessariamente para as emergências dos hospitais, criando essa realidade absolutamente desumana na maioria dos nossos hospitais.

O mais contraditório é que, se por um lado a população de Porto Alegre vive uma situação absolutamente desumana em relação ao seu direito de cidadania, de acesso aos serviços de saúde, felizmente por outro lado, mas infelizmente por outro, porque isso não tem sido estendido ao conjunto da população. Nós temos pontos de excelência no atendimento da saúde do ponto de vista da tecnologia e da capacitação dos seus profissionais.

Portanto, eu acho que a realidade do atendimento da saúde em Porto Alegre reproduz um drama do século XX que se estende ao século XXI. Há um desenvolvimento tecnológico, há um crescimento do conhecimento, há a aplicação dessa tecnologia e desse conhecimento nas áreas da Educação, da Saúde, porém isso se restringe a uma minoria, absolutamente a uma minoria, enquanto a maioria da população continua vivendo o drama ainda do século XIX, das epidemias, de morar nos locais alagados, de ainda morrer de doenças respiratórias.

Portanto, essa é uma questão que, neste momento, se agudiza, neste momento de inverno, em que cresce esse drama que atinge a maioria da população da nossa Cidade, que é uma população excluída do processo econômico, que é uma população marginalizada do acesso ao trabalho. Este tema tem de voltar a esta Casa na busca de dar visibilidade a esse drama em uma Cidade reconhecida mundialmente pelo potencial dos seus militantes, das suas pessoas, dos seus governos que historicamente têm aqui se constituído. Acredito que essa problemática, hoje, ainda tem de ocupar com mais vigor as nossas preocupações, porque ela começa a se estender.

As notícias que recebemos, hoje, nos apontam que os planos de saúde reajustaram em 81%, neste ultimo ano, as parcelas de cobrança dos seus usuários, em um momento que o nosso País vive uma crise econômica brutal, em que cresce a problemática da exclusão. Quando nós ainda não estamos conseguindo implantar no Brasil uma política de desenvolvimento capaz de gerar empregos, e que a população segue num arrocho salarial enorme, o que foi, inclusive, garantido, infelizmente, pela decisão do Congresso pela manutenção de um salário mínimo de miséria, o reajuste de 81% dos planos de saúde é uma afronta à dignidade da população brasileira que depende dos planos de saúde para ter acesso ao atendimento de saúde, o que deveria ser um direito fundamental garantido em um País como o Brasil, uma das maiores economias, um dos maiores potenciais econômicos do mundo.

Ainda retomando uma problemática social que deve ser relevante para esta Casa, e já concluo, Srª Presidente, eu queria lembrar a questão dos desabrigados, dos desvalidos, dos mais uma vez vitimizados da chamada Vila Zero Hora, que, tendo as suas casas queimadas, estão neste momento amontoados sem uma solução, sem uma perspectiva a curto prazo para garantia da sua moradia ou de um teto, neste momento, quando a meteorologia aponta para o crescimento do frio na nossa Cidade, no nosso Estado. Muito obrigada.

(Não revisto pela oradora.)

 

O SR. RAUL CARRION (Requerimento): Srª Presidenta Margarete Moraes, nós queríamos fazer uma sugestão a esta Casa e à Presidência no sentido de que, a partir das preocupações que o Ver. Sebenelo trouxe aqui, fizemos um contato com a SMIC. Primeiro, quero dizer que, na verdade, segundo a Secretaria, foi uma ação para forçar a negociação de uma série de irregularidades desses vendedores ambulantes, mas que, de toda forma, o Secretário está aberto para negociação. Como a Casa está em recesso, as Comissões não podem funcionar e convocá-lo a se fazer presente nesta Comissão Representativa, para não só esclarecer algum problema em relação a essa questão, mas como para trazer a política da Secretaria em relação à organização da Cidade, à questão dos vendedores ambulantes, dos camelôs, e, com isso, debatermos melhor essa questão e procurarmos soluções, não só para esse problema pontual, mas para o conjunto de questões relacionadas.

 

O SR. CLÁUDIO SEBENELO: Srª Presidente, eu queria agradecer, em primeiro lugar, ao Ver. Raul Carrion pela dedicação com que foi em busca desses dados. A questão não é o comparecimento do Secretário; é que houve um equívoco importante da Secretaria, multando, a esmo, e fechando as bancas de pessoas que estão habilitadas, cadastradas e que têm, inclusive, no crachá, a rubrica do Secretário anterior, Adeli Sell. Bom, essas pessoas não cometeram nenhuma infração, não há nenhuma explicitude da infração num auto de infração, apenas o comparecimento à Secretaria e suspensão das atividades. São pessoas muito pobres, que, se pararem por um turno de trabalho, eles deixam de pagar a sua luz, sua água, seu telefone, porque o prejuízo é imenso, visto que o lucro deles por dia é muito pequeno e, proporcionalmente, as condições também. Então, nós não podemos esperar até a outra quarta-feira para que o Secretário chegue aqui e venha dar essa satisfação. É uma medida urgente, socialmente urgente, e que, pela injustiça e pela inadequação e equívoco em não considerar o cadastro atual, e sim o antigo, nós solicitamos, inclusive, que a Casa pudesse interferir para que, imediatamente, eles voltassem ao trabalho e não tivessem esse prejuízo, dadas as suas condições de dependência desse tipo de trabalho. Muito obrigado pela sua concessão.

 

O SR. RAUL CARRION: Só explicitando a questão, a vinda do Secretário independe do encaminhamento aberto; o entendimento da Secretaria é outro: de que há irregularidades que têm de ser sanadas. Mas isso independe, Ver. Sebenelo, nós estamos colocando, além de todos os movimentos que estamos juntos, abertos para fazer, para o mais rápido possível regularizar a situação, que também o Secretário está disposto a fazer. E diz a esta Casa que pode comparecer aqui na próxima semana.

 

A SRA. PRESIDENTA (Margarete Moraes): A Mesa vai encaminhar isso. Eu me comprometo, Ver. Sebenelo, junto com o Ver. Raul Carrion, de conversar com o Secretário Edson Silva, hoje ainda, para que seja resolvida a questão pontual. Ao mesmo tempo, vamos convidá-lo para vir na próxima semana. Darei a V. Exª o retorno sobre isso. Pode ser?

 

O SR. CLÁUDIO SEBENELO: Agradeço, reconhecendo o esforço imenso que V. Exª tem feito, inclusive de articulação com as Secretarias, em benefício do interesse da população. Muito obrigado e meus parabéns

 

A SRA. PRESIDENTA (Margarete Moraes): Obrigado, Ver. Sebenelo. Uma vez cumprido o período de Comunicações, visivelmente observa-se que não há quórum.

Estão encerrados os trabalhos da presente Reunião Ordinária.

 

(Encerra-se a Reunião às 11h28min.)

 

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